Como ser feliz na vida?

Como ser feliz na vida é uma busca que o escritor norte-americano, já falecido, Eric Hoffer, define: “A busca da felicidade é uma das principais fontes de infelicidade”. E ele pode ter razão. Na ânsia pela felicidade, acabamos caindo em um paradoxo, porque, muitas vezes, nesse ínterim ficamos totalmente perdidas, pois não sabemos ao certo o que nos faz feliz. Você já se sentiu assim? Ou melhor, o que a motiva a acordar todas as manhãs? Qual é a sua verdade?

Essas duas últimas perguntas são feitas, especialmente, pela especialista em desenvolvimento humano, Heloisa Capelas, que também é considerada a maior especialista no método Hoffman, no Brasil – processo de autoconhecimento reconhecido cientificamente pela Universidade da Califórnia. Ela diz que, na maior parte das vezes, as pessoas relegam a felicidade a fatores externos, como bens materiais ou relacionamentos. “O problema é que isso pode ser uma grande ilusão. A felicidade está nas ações e acontecimentos cotidianos que proporcionamos a nós mesmas. E, desfrutando dessa emoção, nos tornamos capazes de compartilhá-la e de proporcioná-la aos que estão ao nosso redor”.

Ao longo de seus 30 anos de carreira, Heloisa percebeu que as pessoas têm como principal objetivo na vida serem felizes, mas não sabem como chegar lá. Isso porque vivemos tão presas ao automático que acabamos burlando o sentido de nossa própria existência. “É preciso, primeiro, ‘ser feliz’, para depois obter os sonhos de consumo e bons relacionamentos”. Mas como é possível inverter esse paradigma? “Com a revolução que o autoconhecimento traz”, responde.

Roteiro para ser feliz

Foi pensando nessa ordem que Heloísa teve uma ideia. Ela traçou um roteiro que, segunda ela, pode nos levar direto ao pote de ouro no fim do arco-íris. Os passos dessa jornada, nada fáceis (é preciso ressaltar), estão no livro O Mapa da Felicidade (Editora Gente). Nele, Heloísa desconstrói aprendizados definidos sobre o que é ser feliz. São reflexões a respeito de situações cotidianas, exemplos de histórias, além de um percurso com orientações e exercícios práticos. “Para percorrer o caminho da felicidade é necessário passar por algumas etapas do autoconhecimento: consciência, comunicação, perdão e encontro”.

Do que você precisa para ser feliz?

Para uma vida digna, precisamos das seguintes coisas: alimentação, moradia, saúde, educação, emprego, segurança e Liberdade, certo? Essas são nossas necessidades básicas, sem as quais seria impossível viver em sociedade. Mas será que são suficientes? Você já deve saber a resposta, pois, todas nós, necessitamos de uma centelha que nos faça sentir, lá dentro, a vida pulsando, algo que podemos definir como felicidade. E ela é, totalmente, individual.

Estudo sobre felicidade

Para captar a influência que o estilo de vida que cada um escolhe impacta na percepção de felicidade no futuro, foi que a Universidade de Havard conduziu uma das maiores pesquisas já feitas sobre o tema. Publicado pela revista francesa Geo Savoir, em novembro de 2011, o estudo envolveu mais de 800 pessoas, que foram acompanhadas por 80 anos, desde 1938. Os pesquisadores mapearam os dados que abrangiam fatores, como hereditariedade, infância, ambiente social, histórico familiar, estudos, casamento, saúde, trabalho, entre outros, e obtiveram resultados complexos.

No início da pesquisa, os dados apontavam a renda familiar como sinônimo de longevidade. Os mais pobres, por exemplo, eram três vezes mais propensos a serem obesos, alcoólatras e tabagistas. Mas, por meio de uma perspectiva individual, a percepção começou a mudar. Aqueles que eram, automaticamente, associados à infelicidade, por apresentarem problemas de saúde ou péssimo histórico familiar, garantiam ser serenos e felizes.

No entanto, a síntese desse e de outros estudos já conduzidos sobre o tema vai ao encontro com o que Heloisa Capelas propõe: o trunfo do autoconhecimento. “Se você sabe como e quem você é, e de que forma chegou até aqui, a chance de identificar quais são os aspectos que realmente lhe importam e quais só trazem aborrecimento, dor ou tristeza”, explica.

Só que, para chegar a esse estágio, é preciso enfrentar antes o pior de nossos medos: o espelho. Trata-se de uma luta interna, extremamente desconfortável, porém, necessária para obter as respostas certas. “Mudar a si mesma, de dentro para fora, é sempre a melhor (e talvez a única) solução para lidar com fatores externos que estejam atrapalhando o caminho rumo à felicidade”, garante.

A Grama do vizinho é mais verde?

Em tempos de redes sociais, a vida virou uma vitrine onde penduramos nossos melhores sorrisos, nossas viagens mais incríveis, nossos talentos mais fantásticos, nossos relacionamentos mais felizes e até mesmo, nossa aparência (modificada pelos filtros). Mas o problema é que a felicidade alheia (e dá-lhe felicidade!) estampada na tela nem sempre contagia, na verdade, deprime. Isso porque temos a natural propensão de achar que a grama do vizinho é mais verde, e essa incômoda sensação agora parece gritar quando acessamos as redes sociais.

Antes de deixar que uma perturbadora sensação de inferioridade nos acometa toda vez que visualizamos posts incrivelmente felizes dos nossos amigos, é preciso lembrar que as redes sociais “representam apenas uma parte de nós, aquilo que achamos que vale à pena dividir, evitando ressaltar coisas negativas”, pondera a empresária Dominique Magalhães, autora do livro "O que  falta para você ser feliz?", publicado pela Editora Gente Dominique Magalhães.

Portanto, achar que a vida do outro é muito melhor do que a nossa e se sentir mal por isso é dar asas a uma desnecessária competição emocional e, pior ainda, cair na armadilha perigosa de um dos sete pecados capitais: a inveja. “Melhor seria se conseguíssemos trocar esse pensamento pela pergunta: será que a grama alheia é, realmente, mais verde, ou sou eu que dou esse grau de intensidade à cor?”, sugere

Dominique, que também pontua que a comparação pode ser saudável se enxergarmos no outro um estímulo para prosseguir. “Não há problema em nos inspirarmos em um amigo ou alguém que admiramos, mas tudo com ponderação. A vida alheia não deve interferir em nossa personalidade. Nossa biografia é pessoal e intransferível!”, alerta

Somos mais felizes que ontem?

Essa pergunta nos faz refletir sobre a seguinte questão: será que os nossos pais eram mais felizes, no tempo deles, do que nós somos hoje, no nosso tempo? Para a especialista em desenvolvimento humano, Heloisa Capelas, essa ideia é mera ilusão. “Assim como nós, nossos quiseram ser felizes. O que muda, de verdade, é a forma como cada um entende a felicidade, e isso aconteceria de toda maneira, independentemente das décadas que nos separam”, justifica.

Mas não podemos esquecer que o conceito de felicidade muda com o tempo. Na época dos nossos avós, por exemplo, casar e ter muitos filhos poderiam ser a melhor forma de encontrar a alegria e o sucesso. Já nos dias de hoje, para a maioria de nós, felicidade pode ser, facilmente, atribuída ao sucesso profissional e a bens materiais. Isso nos faz pensar que, por um lado, a modernidade trouxe inúmeras vantagens, como o desenvolvimento das tecnologias que tanto facilitam nossa vida.

Por outro, o desejo irrefreável de consumo nos aprisionou de tal forma que perdemos a capacidade de separar o material do essencial. É por isso que Heloisa continua a bater na tecla do autoconhecimento, defendendo que a nossa maior fonte de alegria já está dentro de nós - só precisa ser compreendida, observada e cuidada. Como fazer isso? Ela indica cinco importantes passos:

Cinco passos para ser feliz

1 - Preste mais atenção às sutilezas de tudo o que está a sua volta. O ser humano costuma valorizar o que tem quando perde algo. Trazer conquistas de momentos felizes com tudo o que você tem e vive hoje é um reconhecimento importante que também lhe dá motivação para que conquiste sonhos de consumo e relacionamentos.

2- Resgate sua própria história para que consiga descobrir quais das suas escolhas têm trazido consequências positivas e quais deixam a desejar.

3- Identifique onde, como e com quem aprendeu esses comportamentos cujos resultados têm sido pouco positivos para que possa desaprendê-los.

4- Quando alcançar essa consciência, se tornará apta a perdoar a si mesma pelo que não deu certo, o que também é essencial para a felicidade.

5- A partir de todas essas informações sobre si própria e novas habilidades que nascerão conforme o seu desejo de ser feliz, você descobrirá o significado real da felicidade para a sua concepção e saberá como e o que fazer para desfrutá-la diariamente.